Nicarágua. O regime de Daniel Ortega prendeu o ex-padre sandinista e ex-diplomata Edgar Parrales

Polícia nicaraguana (Foto: Vatican Media)

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24 Novembro 2021

 

O homem de 79 anos era uma das poucas vozes críticas dentro do país centro-americano. Sua prisão soma-se a de dezenas de lideranças sociais e políticos opositores.

 

A reportagem é publicada por Infobae, 22-11-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

O ex-embaixador nicaraguense na OEA, Edgard Parrales, conhecido crítico do regime de Daniel Ortega, foi capturado na segunda-feira por desconhecidos em frente à sua casa em Manágua, denunciou sua esposa, Carmen Dolores Córdova.

Córdova disse a Associated Press que o ex-diplomata de 79 anos estava entrando em casa quando “apareceram dois homens que o colocaram à força em um veículo e o levaram”.

“Meu marido foi sequestrado, porque (seus raptores) não apresentaram ordem de detenção, nem se identificaram”, afirmou. A esposa de Parrales é filha do falecido advogado Rafael Córdova Rivas, que fez parte junto a Ortega da Primeira Junta de Governo durante a Revolução Sandinista (1979-1990).

Nos últimos dias, Edgard Parrales criticou em declarações públicas a decisão de Ortega de retirar a Nicarágua da OEA, a qual classificou como “um disparate”.

Parrales foi um dos quatro padres que em 1983 foram sancionados pelo Vaticano por ocupar cargos públicos no regime sandinista. Os outros três, todos já falecidos, eram o poeta Ernesto Cardenal, ministro da Cultura; seu irmão Fernando Cardenal, ministro da Educação; e o chanceler Miguel D’Escoto. Em 1989, Parrales deixou o sacerdócio para se casar com Carmen Córdova.

Depois da vitória eleitora de Violeta Chamorro contra Ortega, em 1990, Parrales se distanciou de seus antigos companheiros da Frente Sandinista e se aproximou da dissidência. Ainda que não fizesse parte de nenhuma organização partidária, é um dos poucos analistas políticos que não se exilou da Nicarágua e continuava expressando opiniões críticas ao governo.

As autoridades não confirmaram, nem desmentiram a informação sobre a captura do ex-diplomata.

Em 15 de novembro, EUA e Reino Unido anunciaram novas sanções contra funcionários e instituições do regime de Daniel Ortega, em uma aparente tentativa de aumentar a pressão diplomática, depois da reeleição do líder sandinista nas urnas este mês.

O departamento do Tesouro impôs sanções ao Ministério Público da Nicarágua e a novos altos cargos do governo, entre eles vários prefeitos implicados na “repressão contra os direitos humanos e as liberdades fundamentais” durantes as manifestações pacíficas em 2018.

Entre os sancionados figuram o ministro de Minas e Energia, Salvador Mansell Castrillo; o superintendente de Bancos e Instituições Financeiras, Luis Ángel Montenegro Espinoza; e o vice-ministro de Finanças e Crédito Público, Adrián Chavarría Montenegro.

EUA disse que alguns dos funcionários objeto de novas sanções “foram designados para seus cargos governamentais por Ortega e são partidários do regime e suas políticas antidemocráticas”.

Também incluem vários funcionários implicados em uma violenta repressão dos protestos massivos contra o regime de Ortega em 2018 que custaram mais de 300 vidas no país mais pobre da América Central, acrescenta o comunicado.

“Está ação está dirigida a quem os nicaraguenses estão reprimindo por exercer seus direitos humanos e liberdades fundamentais”, disse o Tesouro.

Mais tarde, o ministério de Relações Exteriores britânico anunciou proibições de viagem e congelamento de ativos a oito funcionários de alto nível da Nicarágua, entre eles Murillo, o procurador-geral e o presidente da Suprema Corte.

 

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